top of page
Buscar

Analogia

  • Foto do escritor: Alayde Mestieri
    Alayde Mestieri
  • 30 de jan. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 9 de fev. de 2024

Era mais uma linda manhã de verão no litoral paulistano. Naquela praia o sol estava quente e podia-se escutar o barulho das ondas na arrebentação, batendo contra as pedras. Tudo formava um conjunto de paz e harmonia. Haviam gaivotas, algumas voando, outras, pousadas na areia à espera de algum peixinho desprezado pelos pescadores.


Tudo como sempre, acontecendo ao nascer do dia, até o entardecer, com o por do sol avermelhando o horizonte.


Pescadores vendiam seus peixes, ali mesmo, na areia, em barraquinhas mal feitas, de madeira, as quais pareciam eternas de tão velhas que eram. Todas as manhãs recolhiam suas redes, que estavam à espera em alto mar desde o dia anterior. Geralmente retiravam muitos peixes, para a alegria dos turistas, aguardando a possibilidade de comprar peixe fresco.


Muitos pescados chegavam à praia ainda respirando, com dificuldade. Esses eram os primeiros a serem vendidos por serem os mais frescos. Eram robalos, pescadas, salteiras, linguados e muitos outros; os menores eram descartados por não serem vendidos e retornavam ao mar já sem vida, para a alegria das gaivotas.


Tudo sempre acontecia do mesmo jeito. Porém naquele dia especial, algo diferente pairava no ar, ninguém percebia, mas a sutileza do acontecimento já estava alí. Aquele cotidiano, foi diferente, para surpresa das pessoas, em uma das redes, apareceu uma tartaruga. Quando isso acontece, os pescadores devolvem o animalzinho para o mar. As tartarugas são muito resistentes quando ficam presas nas redes, elas se debatem muito para libertar-se, depois param, vencidas pelo cansaço e esperam por uma possível libertação.


O que não aconteceu, um pescador ambicioso, a levou junto com os peixes para a barraquinha pensando nos trocados a mais que ganharia com a venda diferenciada. (Naquele tempo não havia fiscalização ambiental), mas como não existe acaso, foi a tartaruga junto com os peixes como atração para os turistas.

Uma senhora, quando viu a tartaruga, pensou na deliciosa sopa que serviria para sua família naquela noite. E assim, comprou o animal e foi para sua casa.


Passeava pela praia, um moço moreno, displicente e atento ao mesmo tempo; como sempre fazia, todas as manhãs, durante suas férias. Ficou a escutar os comentários da pesca naquele dia, e soube do destino da tartaruga, mas ninguém sabia informar quem era a misteriosa senhora que havia comprado o bichinho.


Até hoje, não se sabe como ele descobriu o destino da tartaruga, alguém deve ter informado ao rapaz onde morava a pessoa que havia ficado com ela. Esse moço teve a idéia de libertar a tartaruga martetando sua cabeça, e não sossegou mais. Resolveu procurar a tal senhora e propor um acordo, talvez uma barganha ou uma compra, para poder devolver a tartaruga ao mar.


Localizou a casa no mesmo dia, pois o tempo conspirava contra o animalzinho. Lá chegando, foi recebido por uma senhora muito desconfiada, porém disposta a ouvir o que o rapaz tinha a dizer.Depois de muita conversa, ele convenceu a mulher, de que seria melhor vender a tartaruga para ele do que saborear a tão sonhada sopa.


O jovem moreno, paciente, conquistou a senhora e depois do diálogo ela lhe disse que a tartaruga estava no tanque do quintal de sua casa.


Observando toda cena, uma jovem loira, escutava interessada tudo o que ouvia, e sentiu que aquele moço era diferente, agradável, apesar das suas idéias serem meio esquisitas. Ela gostou do seu jeito também. Assim, os dois jovens dirigiram-se para o quintal, pois a senhora já estava cansada de tanto escutar, achou melhor cuidar dos seus afazeres.

Nesse momento mágico, nascia uma amizade entre os dois; sem saberem ainda que essa amizade cresceria, tanto, tanto e por tanto tempo; tempo indefinido, de vidas que fatalmente se cruzariam nos caminhos percorridos.


Voltando para a tartaruga. Naquela noite, bem tarde, quando não havia mais pessoas na praia, o moço moreno nadou até além das ondas, levando consigo a tartaruga, e demorou muito, até que ela cansada, ficasse fortalecida para nadar. Assim, ela voltou para a frescura do oceano e reanimada sumiu na escuridão.


A amizade entre os dois jovens também como a tartaruga, foi ficando mais forte e mais forte, criando hábitos e dependências. Sem que eles se descem conta, o amor foi se fazendo lentamente e os olhares cruzaram-se, selando destinos, já abençoados desde muitas vidas.


Os dias passavam preguiçosos e a jovem esperava pacientemente o seu amor. Os encontros aconteciam cada vez com mais freqüência, até que inevitavelmente o amor aconteceu, unindo essas duas vidas para sempre.


Desse amor, resultou uma linda família, compartilhada no encontro com a essência divina um do outro, que promete fertilidade e necessariamente a atenção de Deus. "A pureza é o segredo da realização dos seus desejos. O coração mais puro, atrai o amor supremo".

Amar alguém é o mesmo que amar a Deus. A pessoa é a onda; Deus o oceano.

Nessa jornada você se perguntou aonde foi parar aquele "cupido"? Com certeza, ganhando a liberdade, chegou as profundezas do oceano. Hoje, já adulta, deve ter gerado filhos, que perpetuarão sua espécie, retornando ao círculo das origens.


A vida renova-se sempre, crescer, significa deixar a vida renovar-se a qualquer momento.


O Universo contém três coisas que não podem ser destruídas: a Existência, a Consciência, e o Amor.


Mãe

27-04-2010

 
 
 

Comments


Vamos conversar? Envie uma mensagem

  • Instagram
  • LinkedIn
bottom of page